DESABAFO DO BOMBEIRO QUE ATENDEU O ACIDENTE DA 386


O dia que não amanheceu...


Adroaldo Muller/radio soledade

Quatro e quinze da manhã, o telefone toca...Mais um acidente na BR 386...
Deslocamos com a agilidade rotineira e ao chegar nos deparamos com a cena trágica de sempre, carros irreconhecíveis sob a penumbra da noite escura.
Em um veículo uma família inteira, noutro um viajante solitário. O que mais nos alerta é um anjo, de nome Lorenzo...
Iniciamos o seu salvamento, seu corpo pequeno, pele branca, cabelos escuros parecem descansar em meio às ferragens e demais familiares.
Com a esperança de sempre, os sinais luminosos e barulho da sirenes ecoa na rodovia em direção ao hospital...
Porém não há mais tempo, aquele anjinho de 6 anos retornou ao Céu por volta das cinco horas da manhã.
O que pensar, o que sentir?
Desde que Deus me abençoou com a maior benção que um homem pode receber, essas ocorrências me machucam demasiadamente.
Pensar no meu pequeno VHS enquanto atendo é inevitável, claro, sempre com o profissionalismo intrínseco de todo Bombeiro Militar.
Dói, dilacera, destrói um pai, um socorrista, um bombeiro.
O que fica é a vontade de chegar em casa e te abraçar, carinhar, amar intensamente, meu filho!
A cada instante, a cada dia, e (se Deus permitir) por muitos e muitos anos!
Desculpem o desabafo, mas me sinto melhor escrevendo. E hoje, se cada um de vocês que lerem esse relato chegarem em casa e abraçaram com amor e ternura seus filhos, meus pensamentos estarão em paz...
Se vossos filhos estranharem a atitude, digam que o anjo Lorenzo está lá em cima brincando ao lado de Deus e queria um abraço deles...
Amém...


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