Apoiado por uns, criticado por outros: por que Felipe Neto domina os assuntos na web
Youtuber ganhou mais
destaque após começar a se posicionar sobre política, sem levantar bandeiras de
partidos
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Seguidamente o nome do influenciador vai parar em alguma hashtag do Twitter, seja para ataque ou para apoio
Reprodução / Instagram |
Empresário, dono de um dos canais de maior sucesso no YouTube brasileiro e já veterano no negócio - seu primeiro vídeo foi publicado em 2010 -, Felipe Neto, 32 anos, está acostumado com a polaridade em seu trabalho. Ele ficou conhecido por seus cabelos coloridos e análises sobre tendências, curiosidades, jogos e comportamento. Nessa época, chegou a criticar a saga Crepúsculo, para a ira dos fãs dos vampiros. Porém, quando começou a englobar a política em seus temas, a partir das Eleições de 2018, ele rachou de vez a internet.
Crítico ferrenho do
presidente Jair
Bolsonaro, Felipe Neto usou sua posição de influenciador digital sem
partido para comentar todos os atos do governo federal e de seus apoiadores.
Seus argumentos e ações o levaram para a
capa do The New York Times e para o centro
do Roda Viva, programa de entrevistas mais tradicional do
Brasil. Deixou para trás um certo preconceito no entorno das profissões
"youtuber" e "influenciador" ao sentar na mesma cadeira
onde já estiveram Hebe
Camargo e Sergio
Moro, por exemplo.
A bienal
O auge de Felipe Neto
foi, talvez, o protesto sobre a tentativa de censura ocorrida na Bienal do
Livro do Rio de Janeiro, em 2019. Na ocasião, o
prefeito Marcelo Crivella mandou recolher os exemplares de uma edição da
HQ Vingadores por conta de dois personagens
homens que aparecem se beijando em uma das páginas.
Neto decidiu comprar e
distribuir, de graça, 14
mil livros com temática LGBT+ durante o evento. Envoltas em um plástico
preto, as obras estampavam a frase: "Este livro é impróprio para pessoas
atrasadas, retrógradas e preconceituosas".
Depois, ele homenageado
pela Câmara
dos Deputados, em Brasília, pela atitude. Mas também teve de registrar
ocorrência na polícia após ser alvo de ataques.
A balança das hashtags
Desde o episódio, Felipe
Neto se mostrou inquieto, adotando uma postura de porta-voz de uma geração que
quer se envolver mais na roda política e na conquista de direitos. Um estudo
feito pela empresa de pesquisa Quaest e publicado pelo jornal O
Globo mediu a popularidade de 15 personalidades na internet, e ele é o segundo
no ranking, atrás apenas de Bolsonaro, mas à frente de Anitta e Luciano
Huck. O que todos têm em comum? A política - ou o aumento do interesse
por ela.
Quem concorda com seus
argumentos e é simpatizante às suas ideias começou a dar atenção para seu nome
e apoiá-lo. Por outro lado, o youtuber vem sendo alvo recorrente de fake news,
na tentativa de abalar a credibilidade que ele conquistou ao se posicionar com
embasamento e convicção.
Não é raro ver, nos
assuntos mais comentados do Twitter, hashtags
contrárias e favoráveis a Felipe Neto. Nesta segunda-feira (27), a
#TodosContraFelipeNeto chegou ao primeiro lugar no Twitter com mais de 34 mil
menções após uma montagem de um tuíte falso o acusando de pedofilia começar a
circular. Ela apareceu em perfis de autoridades, como dos deputados federais
Eduardo Bolsonaro (PSL) e Carla Zambelli (PSL) e do ex-ministro da Educação
Abraham Weintraub.
Neto desabafou sobre o
caso, dizendo que seu nome havia sido incluído em mais de 400 vídeos no
Instagram e no Facebook, relacionando o conteúdo de seu canal no YouTube ao
crime. Imediatamente, outra hashtag subiu para equilibrar a balança: a
#JuntosComFelipeNeto. Membros da classe artística, como o próprio Huck, e
políticos como Ciro Gomes (PDT) e Marcelo Freixo (PSOL), se manifestaram
publicamente a favor do influenciador.
A tendência é que outros
episódios como esse, de contrários versus favoráveis, se repita outra centena
de vezes, visto que Neto aparenta estar bem confiante no que está fazendo. Na
próxima quinta-feira (30), ele fará uma live com o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF)
Luís Roberto Barroso para discutir a influência dos jovens na política -
somente o anúncio da transmissão ao vivo já gerou ataques da ala bolsonarista.
Apoiado ou criticado, uma
coisa é certa: até o final desta semana, mais uma vez o nome Felipe Neto deverá
saltar e dominar as hashtags do país, deixando ainda mais seu nome no centro
dos hofolotes da web.
GAUCHA ZH 28/07/2020
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