105 gaúchos estão em presídios ou usam tornozeleira após envolvimento em atos antidemocráticos; veja a lista
![]() |
Em 8 de janeiro, manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos três poderes, em BrasíliaTon Molina / AFP |
Eles representam 7,6% do total de pessoas detidas após
depredação das sedes dos três poderes, em 8 de janeiro
O envolvimento em protestos que culminaram com a depredação
das sedes dos três poderes em Brasília,
em 8 de janeiro, custou caro para 105 gaúchos que pregam ação das Forças
Armadas para derrubar o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), eleito em outubro. A maior parte deles está
em presídios do Distrito
Federal, cumprindo prisão preventiva determinada pelo Supremo
Tribunal Federal (STF). Os demais foram liberados e utilizam
tornozeleira eletrônica, como medida alternativa.
O levantamento foi feito por GZH e Rádio
Gaúcha, a partir de consulta a dados liberados pela Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape). Os 105 gaúchos
representam 7,6% do total de 1.381 pessoas presas em flagrante após os atos
golpistas provocados por bolsonaristas em Brasília,
no início do mês.
Dos 105 gaúchos investigados por envolvimento nos atos
antidemocráticos, 39 homens estão recolhidos no Centro de Detenção Provisória
II, conhecido como Penitenciária da Papuda, e 20 mulheres, na Penitenciária
Feminina, chamada de Colmeia. Ambas ficam no Distrito
Federal. Os outros 46, homens e mulheres, foram liberados para retornar
a seus Estados, mediante monitoramento eletrônico.
A reportagem tentou entrevistar 10 dos 46 gaúchos que foram
liberados mediante o uso de tornozeleira, sem que nenhum concordasse em
falar (veja a lista completa abaixo). O espaço em GZH segue
aberto para aqueles que quiserem se manifestar.
Entre as pessoas que voltaram para casa com monitoramento
eletrônico, está a empresária do ramo de vestidos de festas de Porto Alegre
Marisa de Fátima Renner. A família não respondeu aos pedidos de
manifestação.
De Torres, Graco Magnus Mengue teve a prisão preventiva
decretada pela Justiça e está incomunicável, na Papuda. Logo
que foi levado para a penitenciária, chegou a dar entrevista por telefone à
reportagem, se queixando as condições da prisão. Nessa terça, foi
feito um novo contato com familiares, que não quiseram se manifestar.
GZH e Rádio Gaúcha enviaram questões ao advogado de Alexander
Diego Kohler Ribeiro, morador de Horizontina preso em Brasília, mas ainda não
obteve retorno. Ele também segue sem comunicação direta com familiares.
Ainda entre os investigados que seguem presos está o
empresário de Santa
Maria Eduardo Zeferino Englert. Segundo o advogado dele, Marcos
Vinicius Rodrigues de Azevedo, já foi protocolado pedido de revogação da prisão
preventiva. Uma
primeira solicitação de habeas corpus foi negada pelo ministro Ricardo
Lewandowski, do STF.
Ainda conforme o advogado, o empresário da Região
Central consta erroneamente na lista como sendo natural de Santa
Catarina.
A Polícia Federal ainda trabalha no indiciamento dos presos,
porque ainda é preciso colher provas técnicas. O GPS de cada celular apreendido
será examinado, para verificar os locais por onde o investigado passou no dia
dos atos. Também serão averiguadas imagens de câmeras de monitoramento e de
vídeos exibidos em redes sociais. Só então será possível determinar quem
depredou ou financiou os atos.
Quase 2 mil presos no dia dos atos
Logo após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, quase 2
mil pessoas foram detidas, tanto nos prédios invadidos na Praça dos Três
Poderes quanto no acampamento bolsonarista montado em frente ao QG do Exército
em Brasília.
Eles foram levados a um ginásio da Academia da Polícia Federal, onde passaram
por triagem. Mais de 500 acabaram liberados por serem idosos, gestantes e
pessoas com comorbidade.
Os outros foram submetidos a audiências de custódia e 1.381
tiveram sua prisão em flagrante homologada. Desses presos, 922 estão recolhidos
em presídios do Distrito Federal, onde cumprem prisão preventiva. Os outros 459
conseguiram liberdade provisória porque sua participação nos atos foi
considerada secundária, mas estão obrigados a usar tornozeleira eletrônica.
Dos 1.381, 479
já foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR)
pelos crimes de associação criminosa e incitação à animosidade das Forças
Armadas contra os poderes constitucionais. Não foram revelados os nomes dos
denunciados, pois o inquérito está em segredo de Justiça.
Dos presos em flagrante pelos atos em Brasília, 92
tiveram bens bloqueados. Outros 52, suspeitos de financiar os atos,
também tiveram solicitação para bloqueio de bens. Os nomes estão em sigilo.
A rotina nos presídios
A reportagem de GZH conversou com defensores
de alguns dos presos. Eles reclamam que a maioria dessas pessoas está
incomunicável, sem oportunidade de falar com familiares — só recebem visita de
advogados.
Os presos passaram por triagem médica e foram vacinados
contra a covid-19 — nos casos em que ainda não haviam recebido as doses. Eles
estão separados dos demais detentos e não têm acesso a celular.
As celas têm tamanhos diferentes. Por isso, cada uma recebeu
um número diferente de detentos. Dentro de cada uma dessas celas há banheiro
coletivo. As camas são de concreto, sem artefato que possa ser retirado. Os
detidos têm direito a quatro refeições e a tomar banho de sol uma vez por dia.
Gaúchos presos ou com tornozeleira eletrônica
- Detidos
no Centro de Detenção Provisória II, a Papuda, com prisão preventiva
decretada — 39
- Mulheres
detidas na Penitenciária Feminina do DF, a Colmeia, com prisão preventiva
decretada — 20
- Gaúchos
com tornozeleira eletrônica — 46
Lista de presos em 30 de janeiro
Centro de Detenção Provisória II
1. Ademir Domingos Pinto da Silva, 52
anos
2. Adilson Damazio de Oliveira, 45 anos
3. Airton Dorlei Scherer, 44 anos
4. Alexander Diego Kohler Ribeiro, 33
anos
5. Alfredo Antonio Dieter, 57 anos
6. Armando Valentin Settin Lopes de
Andrade, 47 anos
7. Bryan Timer de Souza, 23 anos
8. Carlos Alexandre Oliveira, 42 anos
9. Cassius Alex Schons de Oliveira, 48
anos
10.
Cezar
Carlos Fernandes da Silva, 52 anos
11.
Cláudio
Antônio Mesquita Peralta, 52 anos
12.
Claudio
Servelin, 51 anos
13.
Claudiomiro
da Rosa Soares, 48 anos
14.
Eduardo
Zeferino Englert, 41 anos*
15.
Eleonor
Cláudio Sordi, 55 anos
16.
Fabio
Adriano Menezes do Rosario, 42 anos
17.
Francisco
Kruse Oliveira, 37 anos
18.
Glauco
Mota Gonçalves, 42 anos
19.
Graco
Magnus Mengue, 33 anos
20.
Jean
Carlos Felski Conte, 28 anos
21.
Joel
Jehn da Cunha, 46 anos
22.
Jorginho
Cardoso de Azevedo, 61 anos
23.
Lucas
Schwengber Wolf, 36 anos
24.
Luiz
Gustavo Lima Carvalho, 40 anos
25.
Marcelo
Soares Konrad, 45 anos
26.
Marcio
Rafael Marques Pereira, 41 anos
27.
Marcos
Novakowski Krahn, 39 anos
28.
Miguel
Fernando Ritter, 59 anos
29.
Milton
Francisco dos Santos, 47 anos
30.
Milton
Martins Cenedesi, 59 anos
31.
Paulo
Cichowski, 47 anos
32.
Paulo
Gabriel da Silveira e Silva, 38 anos
33.
Ressoli
Praetorius de Mello, 53 anos
34.
Ricardo
Pedro Hammes, 40 anos
35.
Roberto
Simon, 57 anos
36.
Rudinei
de Lima Soares, 41 anos
37.
SidineiKist,
57 anos
38.
Simar
Sidnei da Silva, 44 anos
39.
Telmo
José Reginatto, 44 anos
* Eduardo Zeferino Englert é de Santa Maria, mas aparece na
lista da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito
Federal como sendo de Santa Catarina.
Penitenciária Feminina do Distrito Federal - PFDF
1. Alice Terezinha Costa da Costa, 51
anos
2. Daiane Machado de Vargas Rodrigues,
35 anos
3. Eliane de Jesus da Silva Oliveira, 42
anos
4. Eliane de Vargas Santos, 49 anos
5. Horacir Gonsalves Muller, 58 anos
6. Iraçui dos Santos, 39 anos
7. Ivett Maria Keller, 57 anos
8. Jaqueline Konrad, 37 anos
9. Juliana de Fatima Machado dos Santos,
44 anos
10.
Karine
Cagliari Villa, 38 anos
11.
Mara
Filomena Telo Casagranda, 59 anos
12.
Mari
Carla Fiuza dos Santos, 44 anos
13.
Maria
Janete Ribeiro de Almeida, 49 anos
14.
Maria
Lenir Dorneles Machado, 55 anos
15.
Sandra
Gaviraghi, 54 anos
16.
Silvane
Machado de Vargas Paula, 44 anos
17.
Sonia
Maria Streb da Silva, 56 anos
18.
Tamires
Correa Peixoto Krahn, 33 anos
19.
Tania
Mariza Baldiati Machado, 54 anos
20.
Tatiane
da Silva Marques, 41 anos
Liberados com tornozeleira
1. Alvaro Theodoro Bach, 42 anos
2. Amarildo Gerson Beckmann, 41 anos
3. Carine Edi Nicolai, 38 anos
4. Carlos Aimore Pereira Firpo, 58 anos
5. Carlos Antonio Eifler, 52 anos
6. Cassiano Alves dos Santos, 30 anos
7. Cleonice Machado de Vargas, 53 anos
8. Deibe Regina da Silva Cavalhero, 51
anos
9. Diego Haas, 35 anos
10.
Diogo
Deniz Feix, 35 anos
11.
Diovana
Vieira da Costa, 21 anos
12.
Eduardo
Weiss, 51 anos
13.
Elizandra
dos Santos Rodrigues, 38 anos
14.
Emerson
Costa, 30 anos
15.
Everton
Streppel Segala, 31 anos
16.
Fatima
Jecele Magon, 55 anos
17.
Gilmar
dos Santos, 49 anos
18.
Gilson
da Silva Mattos, 53 anos
19.
Glaucia
Nadine Pimentel, 40 anos
20.
Henrique
Ozana de Oliveira Souza Correa, 27 anos
21.
Jair
Roberto Cenedesi, 56 anos
22.
Jairo
Machado Baccin, 50 anos
23.
João
Batista Goulart, 54 anos
24.
João
Moisés Ritta Reges, 56 anos
25.
João
Ramão Moraes Diniz, 59 anos
26.
Joel
Muru Chagas Machado, 45 anos
27.
Jorge
Jaques da Silva, 19 anos
28.
José
Alencar Reichert, 49 anos
29.
Kelin
Alves de Lima, 34 anos
30.
Leozangela
Almeida Aniola, 57 anos
31.
Manuela
Souza de Lima, 59 anos
32.
Marcelo
Alberto Rech, 47 anos
33.
Marcelo
Trentin Meirelles, 48 anos
34.
Marisa
de Fatima Renner, 49 anos
35.
Marta
Bastos Dias, 57 anos
36.
Mirian
Gladis Lehmann, 50 anos
37.
Noemio
Larte Hochscheidt, 51 anos
38.
Rafael
Ramos Diniz, 39 anos
39.
Rafael
Rodrigo Zarth, 21 anos
40.
Ricardo
Augusto Bock, 50 anos
41.
Ronaldo
Borges do Canto, 41 anos
42.
Silvana
Moura Lirio Prauze, 49 anos
43.
Sonia
Teresinha Possa, 65 anos
44.
Tais
Simone Prado Leal, 49 anos
45.
Valquiria
Mariza Dias Jahnke, 45 anos
46.
Vanderlei
Muller, 44 anos
GZH 31/01/2023
SAMANTHA KLEIN
Comentários