EXISTE VACINA CONTRA A MENINGITE?



Há doses disponíveis no SUS e em clínicas particulares contra as três bactérias responsáveis pela inflamação das meninges

Tadeu Vilani / Agencia RBS

A vacina é a forma mais eficaz de proteger contra a meningite bacteriana, doença que vitimou o neto de Lula, Arthur Araújo Lula da Silva, de sete anos, na manhã desta sexta-feira (1º). O quadro é marcado pela inflamação da meninge, membrana que protege o cérebro e a medula espinhal. A infecção do menino foi causada pela bactéria meningococo.

Segundo profissionais da área da saúde, não é possível dizer que Arthur não estava vacinado porque a imunização não protege completamente (as taxas de proteção variam em cerca de 80%) e porque, uma vez que há vários tipos de meningococo, a imunização não cobre todas as formas da bactéria. No entanto, a imunização é a maior forma de prevenção, uma vez que protege contra os principais sorotipos de meningococo, de pneumococo e de outra bactéria, a Haemophilus.
— O meningococo circula no país em vários sorogrupos. O principal deles é o sorogrupo C, para o qual temos vacina na rede pública, justamente por saber que ele é o de maior incidência. As crianças são obrigadas a tomá-la, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) — explica Letícia Martins, enfermeira do setor de epidemiologia da Secretaria da Saúde do Estado (SES).

Como é comum em outras doenças, clínicas privadas oferecem um número maior de vacinas do que as oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso ocorre porque o Estado, por bancar os medicamentos, precisa pensar na otimização de recursos (é impossível bancar todas as vacinas para todas as bactérias e vírus com potencial para causar doenças). Como consequência, clínicas particulares acabam se tornando responsáveis por vacinar adultos e oferecer doses que protegem contra sorogrupos menos presentes na população.

Segundo o infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do serviço de imunizações do Hospital Moinhos de Vento, não há diferença importante na atuação dos sorotipos de bactéria no organismo.

— O que muda em cada um é a constituição da parede celular, o que influencia na fabricação da vacina — diz.

Sistema Único de Saúde (SUS)
Na rede pública, a vacina é contra o meningococo do sorotipo C, o pneumococo e o hemófilos influenza do tipo B.

1) Meningocócica C
Protege contra a meningite causada pela bactéria meningococo, o tipo mais agressivo, sorotipo C.

Calendário: primeira dose aos três meses de idade, depois aos cinco meses. Aos 12 meses de idade acontece o primeiro reforço e, entre 11 e 14 anos, o segundo reforço.

2) Pneumocócica 10-valente conjugada
Protege contra 10 sorotipos da bactéria pneumococo, responsável por meningite, pneumonia e otite aguda.

Calendário: primeira dose aos dois meses de idade e segunda dose aos quatro meses de idade. Reforço aos 12 meses.

3) Haemophilus influenzae b
Protege contra a bactéria hemófilos influenza do tipo B

Calendário: primeira dose aos dois meses, segunda dose aos quatro meses e terceira dose aos seis meses.

Clínicas particulares*
Na rede privada, há uma gama maior de imunizações.

1) Meningocócica C
É a mesma disponível no SUS, contra o sorotipo C da bactéria meningococo.

Calendário: primeira dose aos três meses de idade, depois aos cinco meses. Aos 12 meses de idade acontece o primeiro reforço. Aos seis anos, ocorre o segundo reforço (no SUS, esta dose não é aplicada) e, por último o terceiro reforço aos 11 anos.

2) Meningocócica B
Contra o sorotipo B do meningococo.

Calendário: primeira dose aos três meses de idade, com mais duas aplicações no primeiro ano de vida. Reforço aos 12 meses de idade. Para quem não se vacinou no primeiro ano de vida, a imunização ocorre entre os 18 meses de idade e os 20 anos, com duas doses. Entre os 20 e os 60, apenas em situação de risco (como um indivíduo que mora com alguém que teve meningite bacteriana). Quem tem mais de 60 anos tem indicação para tomar uma dose.

3) Meningocócica conjugada
Protege contra os sorotipos A, C, W e Y do meningococo.

Calendário: primeira dose aos três meses de idade, seguida de duas doses até os 12 meses de idade. Reforço no 12º mês, aos 5 e aos 11 anos. Entre os 20 e os 60 anos, a proteção é indicada apenas em situação de risco.

4) Pneumocócica 10-valente conjugada
Protege contra 10 sorotipos da bactéria pneumococo, responsável por meningite, pneumonia e otite aguda.

Calendário: primeira dose aos dois meses de idade e segunda dose aos quatro meses de idade. Reforço aos 12 meses. Quem tem entre seis meses e 60 anos de idade, a imunização é indicada em situações de risco. A partir dos 60, a indicação é de uma dose.

5) Pneumocócica 23-valente
Protege contra 23 sorotipos de pneumococo

Calendário: não cabe para crianças. Entre os 24 e os 60 anos, apenas pessoas em situação de risco. A partir dos 60, duas doses com intervalo de cinco anos.

*Conforme a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), que norteia o calendário na rede privada.


GAUCHA ZH 02/03/2019

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