COMBATE AO VÍRUS.. E À MÁ-FÉ
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REPRODUÇÃO |
Crescem relatos de "fura-filas" na vacinação contra
covid-19 no país, e MP apura denúncias
Grupos prioritários foram ignorados inclusive por prefeitos
Políticos, profissionais recém-nomeados e até um chefe de um
setor de informática e um fotógrafo estão entre as pessoas que já receberam
a vacina
contra a covid-19 no Brasil. Com o avanço da imunização pelo
país, que
tem apenas 6 milhões de doses disponíveis inicialmente, crescem os
relatos de "fura-filas" nos Estados.
O Ministério Público (MP) de diferentes localidades
acompanham denúncias, que podem culminar com ações penais e processos de
improbidade administrativa. A prioridade para receber as doses é dos
profissionais da saúde que atuam no atendimento de pacientes com coronavírus,
idosos que vivem em lares de longa permanência ou acima dos 75 anos e
indígenas. Ainda não há vacinação aberta em postos de saúde para demais pessoas
previstas nos grupos prioritários.
Em Manaus,
a vacinação para os profissionais de saúde foi suspensa na quinta (21), por um
dia para reformulação da campanha. Municípios do interior do Amazonas terão
de devolver doses do imunizante, enviadas erroneamente pelo Estado.
Para conter a polêmica recente da imunização aplicada no
filho de deputado e nas filhas de um empresário local, a orientação agora é que
a prioridade na vacinação deve ser dada aos profissionais das unidades de
referência, de média e alta complexidades, que tenham contato direto com
pacientes com covid-19, levando em conta fatores como comorbidades e idade.
O Tribunal de Contas do Amazonas concedeu mais 24 horas para
que o governo do Estado e a prefeitura de Manaus apresentem uma lista nominal
das pessoas que já foram imunizadas e das que ainda serão, sob pena de ser
determinada a exoneração dos secretários de saúde.
O plano do Ministério da Saúde recomenda uma ordem de
prioridade entre os profissionais de saúde, com as equipes de vacinação,
trabalhadores de asilos e funcionários de serviços de saúde público e privados
que atuam na linha de frente do combate à covid-19 em primeiro lugar. Estados e
municípios podem, dentro dessas categorias, "adequar a priorização conforme
a realidade local".
Especialistas defendem que a vacinação contra a covid-19 deve
ser uma estratégia coletiva, não individual, com o objetivo de proteger as
pessoas que pertencem aos grupos de risco e as que estão mais expostas ao vírus
que já matou mais de 212 mil brasileiros.
Prefeituras
Mesmo sem fazer parte do grupo prioritário, Reginaldo Prado
(PSD), prefeito de Candiba, na Bahia,
a cerca de 700 quilômetros de Salvador, tomou a vacina contra a covid-19. O ato
ocorreu na terça-feira (19), mesmo dia em que o imunizante chegou na cidade, e
foi compartilhado nas próprias redes sociais da prefeitura. Com apenas 15 mil
habitantes, localizada no centro-sul baiano, Candiba recebeu apenas cem doses
da CoronaVac.
Em nota, a prefeitura informou que o prefeito foi imunizado
em "um ato de demonstração de segurança, legitimidade e eficácia da
vacina, como forma de incentivo para a população que está desacreditada".
A prefeitura afirmou ainda que o gestor se enquadra nos critérios de vacinação,
pois é hipertenso e diabético.
Na última quarta-feira (20), o Ministério Público Federal e o
Ministério Público do Estado da Bahia ajuizaram uma ação de improbidade
administrativa e uma ação civil pública contra o prefeito.
Em Itabi, no Estado de Sergipe, o prefeito Júnior de Amintas
(DEM), de 46 anos, foi o primeiro a tomar a vacina. A ação também ocorreu na
terça-feira e causou revolta da população de cerca de 5 mil habitantes. Em nota
oficial, a Secretaria de Saúde do município explicou que o prefeito foi
imunizado para incentivar a população a se vacinar.
Já em Jupi, cidade do interior de Pernambuco, foi a
secretária de Saúde, Maria Nadir Ferro, e um fotógrafo que trabalha na
prefeitura, conhecido como Guilherme JG, que tomaram a vacina, mesmo sem fazer
parte do grupo prioritário. Os dois servidores públicos foram afastados. O
município recebeu apenas 136 doses da CoronaVac. Em nota, a prefeitura lamentou
o ato.
GAUCHA ZH 22/01/2021
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