Polícia Civil começa a investigar suspeitas de pessoas que furaram a fila da vacina
Alguns casos sob análise aconteceram em Alvorada, Butiá, Bagé
e Gramado
A Polícia Civil começou a verificar os relatos de gaúchos que
teriam furado
a fila de prioridades na vacinação contra a covid-19. Uma
verificação preliminar, que pode resultar em diversos inquéritos policiais, foi
aberta pelo delegado Marco Antônio Duarte de Souza, da Coordenadoria de
Recursos Especiais (Core), que também dirige o Grupamento de Operações
Especiais.
— Chamou nossa atenção o levantamento feito pela reportagem
de GZH. Recebemos também algumas dicas sobre pessoas que teriam sido beneficiadas
indevidamente. Vamos checar se ocorreu inversão da ordem de prioridades
e se aconteceu algum crime, como prevaricação (quando a autoridade favorece
algum subordinado que comete delitos) — pondera o delegado.
O delegado já trabalha com situações suspeitas em Alvorada,
Butiá, Guaíba, Gramado e Bagé. O Ministério Público estadual também começou a
averiguar possíveis irregularidades, por meio do Centro de Apoio Operacional
dos Direitos Humanos, da Saúde e da Proteção Social.
Reportagem
do Grupo de Investigação da RBS (GDI) veiculada sexta-feira (22)
na Rádio Gaúcha e no site GZH mostrou que em pelo menos três cidades a ordem da
vacinação está sob suspeita.
Em Alvorada, na Região Metropolitana, a aplicação de vacinas
em funcionários lotados na farmácia pública do município levou a questionamentos
em redes sociais. Três servidores foram vacinados, sendo que um deles é Cargo
Comissionado (CC) e foi cabo eleitoral do prefeito, José Arno Appolo do Amaral.
As outras duas são estagiárias. Uma delas, nas redes sociais, postou:
"Linda, gostosa e vacinada".
Os relatos geraram protestos redes sociais, porque a
vacinação teria ocorrido antes que todos os servidores dos postos de saúde e
hospital fossem imunizados (e a prioridade seria deles). A prefeitura
justificou a vacinação dos três com base no fato de estarem num setor que
atende 500 pessoas por dia, mesmo que não ligado ao tratamento de covid-19.
Em Butiá, Região Carbonífera, funcionárias de uma farmácia
privada postaram votos sendo vacinadas. Elas aplicam testes de covid-19 em
clientes e, por isso, consideram que têm direito à prioridade na vacinação. A
prefeitura local deu a mesma justificativa.
Em Piratini, Zona Sul do Estado, ocorreu caso semelhante:
cinco atendentes de farmácias particulares foram vacinados. A prefeitura disse
que sobraram doses de vacinas e, por isso, foram disponibilizadas também a
farmacêuticos e outros que atendem na área de saúde, mesmo privada.
A diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS)
Cynthia Molina-Bastos considera que, nos casos das farmácias, só é correto
vacinar os funcionários que trabalham com a coleta do teste no nariz e na boca.
Assim mesmo, depois da vacinação de todo o grupo prioritário de atendimento
covid-19 (trabalhadores de urgência, emergência e postos de saúde).
— Se o teste é só com o sangue no dedo, não há sentido"
na imunização neste momento — ressalta Cynthia.
O Rio Grande do Sul distribuiu 341 mil doses de vacinas
contra a covid-19 para 496 municípios. Nesta primeira fase, o governo pretende
vacinar 34% dos trabalhadores da saúde (com prioridade para os que lidam
diretamente com covid-19), todos os idosos que moram em asilos, todas as
pessoas maiores de 18 anos com deficiência que vivem em residências inclusivas
e toda a população indígena que vive em aldeias. O plano de vacinação consta
nesse link: https://coronavirus.rs.gov.br/tevacinars
GAUCHA ZH 24/01/2021
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