Governador Eduardo Leite abre diálogo com fabricante da vacina russa Sputnik V
A carta
em que 14 governadores pedem ao presidente Jair
Bolsonaro para abrir um “diálogo diplomático” com os governos
da China e
da Índia,
para garantir o fornecimento dos insumos para a fabricação de vacinas
pela Fiocruz e
pelo Instituto
Butantan é o primeiro passo de um movimento mais amplo. Os
governadores querem marcar posição para não serem acusados de omissão, caso
tenham de parar a vacinação, frustrando os brasileiros que aguardam ansiosos
pela imunização.
Temendo que a produção da CoronaVac (Butantan)
e da Oxford/AstraZeneca (Fiocruz) emperre por falta de insumos, o
governador Eduardo
Leite decidiu abrir um canal de negociação com a União Química,
fabricante da vacina russa Sputnik V, que está sendo aplicada na vizinha Argentina.
Nesta quinta-feira, a secretária da Saúde, Arita Bergmann, terá a primeira
reunião com representantes da empresa.
Leite sabe que há um longo caminho a ser percorrido entre
esse contato inicial e uma possível compra, até porque a Sputnik V ainda não
foi aprovada pela Anvisa,
nem para uso emergencial, mas quer construir um plano B para o caso de emperrar
o fornecimento pelo Ministério da Saúde.
– Nossa expectativa é de que o governo federal forneça todas
as doses necessárias, mas precisamos pensar em outras opções, caso fracassem as
negociações com Índia e China – disse Leite.
O governador planeja procurar os representantes dos
laboratórios que produzem as vacinas da Pfizer e da Moderna para uma conversa
inicial. Mesmo com a dificuldade de armazenamento (as duas vacinas precisam ser
conservadas a -70°C), a oferta de superfreezers, por universidades gaúchas,
abre a possibilidade de compra, no futuro – hoje toda a produção está
comprometida com outros países.
– Depois de toda a empolgação com a vacina, não podemos
frustrar a população suspendendo o processo recém-iniciado.
Leite não tem dúvida de que a forma desrespeitosa como o
ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o deputado Eduardo
Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, trataram a China está
atrapalhando a importação do insumo essencial à produção de vacinas.
No final da tarde, em resposta à carta dos governadores, o
Palácio do Planalto divulgou nota dizendo que "o governo federal vem
tratando com seriedade todas as questões referentes ao fornecimento de insumos
farmacêuticos para a produção de vacinas".
A nota termina ressaltando que “o governo federal é o único
interlocutor oficial com o governo chinês”. Esse trecho é uma clara resposta à
manifestação do governador de São Paulo, João Doria, que em seu perfil no
Twitter escreveu: “O escritório de São Paulo em Xangai, na China, está atuando
diretamente junto a autoridades chinesas e equipes do laboratório Sinovac para
a liberação dos insumos necessários à produção de mais doses da vacina do
Butantan em SP. Agilizar esse processo é fundamental para salvar vidas”.
GAUCHA ZH 21/01/2021
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