"Se eles tirassem a minha arma, eu não estaria aqui", diz PM envolvido na ocorrência que resultou na morte de policial aposentado
Dionatan Menezes relatou à RBS TV sua versão do que aconteceu
na noite do dia 22 de agosto em Torres
O soldado da Brigada Militar Dionatan Menezes, um dos
brigadianos envolvidos na ocorrência
que resultou na morte do policial rodoviário federal Fábio
Zortea em Torres,
no Litoral Norte, na noite de 22 de agosto, diz que temia ser morto caso os
dois filhos da vítima conseguissem pegar sua arma.
Em entrevista ao repórter Jonas Campos, da RBS TV, exibida
nesta quinta-feira (2) no RBS Notícias, Menezes relata sua versão,
desde o chamado que a patrulha recebeu até o desfecho da abordagem. Nas
imagens da confusão que foram divulgadas em redes sociais e fazem
parte do inquérito da Polícia Civil, ele é o policial que aparece rendido por
Fábio, um dos filhos da vítima e que também acabou baleado.
— Em momento algum, eu quis que o desfecho fosse desse modo.
O meu pavor foi tanto e eu com o nariz quebrado, a boca cheia de sangue (...),
cheguei a perder completamente as minhas forças por várias vezes tentando me
livrar daquela agressão que eu estava sofrendo. Se eles tirassem minha arma, eu
não estaria aqui.
Menezes diz que dirigia a viatura da BM ao lado de um soldado
com 10 anos de carreira quando foram acionados pelo telefone 190 para atender
um chamado de dois rapazes em um Gol branco que estariam vandalizando uma
árvore. O soldado diz que cruzou com o veículo em uma rua, onde teve início uma
perseguição:
— Ele (o carro) empreendeu fuga. Chegando numa rótula,
fez o retorno novamente e voltou em direção à área central. Fiz o retorno,
voltei atrás em acompanhamento na tentativa de abordagem. Por várias vezes, a
gente tentou abordar e ele não obedeceu a parada, entrando pela contramão ali
na praça central e parando onde foi feita a abordagem.
O carro parou em frente ao prédio em que moravam os dois
ocupantes, os irmãos Fábio e Luca Zortea, filhos do policial aposentado.
Menezes relata que passou a fazer a revista em ambos:
— O colega me sinalizou que estava tranquilo, que poderia
fazer a revista e fui até o Luca. Fiz a revista até então tranquila. Quando eu
fui fazer revista no Fábio, ele disse que 'aqui não', sinalizando que não iria
deixar ser revistado. Me aproximo dele e ele investe contra mim, tentando me
derrubar (...). Ele a todo o momento tentava pegar a minha arma. (...) Eu vi
que estava o Luca na minha esquerda, que ele estava tentando também puxar a minha
arma, que foi o momento que o Fabio sacou os carregadores que ficavam salientes
no meu cinto. E com esses carregadores ele começou a bater no meu rosto, na
minha cabeça, onde causou as fraturas, a quebra do dente e outras
luxações.
Menezes diz que os disparos não foram feitos de sua arma:
— Todo o momento eu tentei me preservar para que não me
tirassem a minha arma, como estava tentando ser feito. Possivelmente, os tiros
que atingiram o seu Zortea saíram da arma do meu colega, mas a gente não sabe
se ali não tinha mais alguém armado no local. Em momento algum a gente quis que
esse fosse o desfecho dessa ocorrência.
A RBS TV solicitou entrevista com os irmãos Fábio e Luca e
também com a viúva do policial aposentado, mas o advogado da família informou
que eles não querem falar no momento. Fábio segue internado no hospital da
cidade.
— O Fábio, a vítima, que arma ele tinha na mão? Quando ele
corre com o bastão, quem tinha uma arma de fogo eram eles (PMs). Olha a
desproporção disso — argumenta o advogado da família, Ivan Brocca.
O delegado que cuida do caso afirmou que só vai se manifestar
após concluído o inquérito.
GAUCHAZH 02/09/21
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