Agências de turismo no Brasil oferecem pacotes de viagem para vacinação nos EUA

 


Organização Pan-Americana da Saúde afirma que viajar até outros países para se vacinar não resolve a crise da covid-19 e comprova a desigualdade no acesso aos imunizantes no continente

Enquanto o ritmo de vacinação contra a covid-19 caía no Brasil na primeira quinzena de maio, as agências de turismo começaram a oferecer pacotes de viagem para quem quer ser imunizado em outro país.

Uma dessas agências é a catarinense Menton, que oferece um pacote de luxo para duas pessoas. As passagens aéreas no setor executivo e a hospedagem de alto padrão saem por US$ 17,6 mil (cerca de R$ 93 mil). Em entrevista ao site G1, Vírginia Peluffo, sócia da agência, afirmou que os serviços são realizados sob demanda e que não incentiva o chamado "turismo de vacina", pois "não há garantias de que a pessoa vá ser imunizada. As regras podem mudar a qualquer momento".

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A agência Be Happy criou destinos personalizados aos seus clientes. Com pacotes a partir de R$ 50 mil, é possível ter os Estados Unidos como destino final. No caso, é necessário passar, antes, um período de 15 dias nas Ilhas Maldivas, em Dubai, no México, na Costa Rica ou na República Dominicana.

Uma agência da Flytour, em Salvador (BA), criou um pacote de viagem ao custo de R$ 18,7 mil que inclui passagens aéreas de ida e volta, hospedagem e transfer da cidade até o local de vacinação. O período de quarentena no México inclui cinco noites em Valladolid e o mesmo número em Tulum e Cancún. Depois, mais cinco dias nos EUA. A agência também auxilia os clientes no momento do agendamento da vacinação.

Também há agências que não fazem publicidade desses pacotes, mas, diante do aumento da procura pelo roteiro, já têm à mão caso o cliente tenha interesse. Ao jornal O Globo, a Nix Travel alegou que não vale fazer propaganda desses combos porque são pacotes caros. A empresa informou à publicação que a procura aumentou na última semana, especialmente na dobradinha Cancún com Orlando.

Na última terça-feira (11), o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, afirmou que a cidade está pronta para vacinar turistas. Ele ainda destacou que pretende instalar postos de vacinação na Times Square. Em Miami, oficialmente, só residentes podem ser vacinados, mas turistas têm conseguido a imunização.

Desigualdade

Para a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), viajar até outros países para se vacinar não resolve a crise da covid-19, apenas comprova a desigualdade no acesso aos imunizantes no continente

— Não temos dados para confirmar quantos latinos estão viajando até os Estados Unidos. Permitam-me dizer que o turismo da vacina não é a solução, e sim um sintoma da desigualdade — atestou Carissa Etienne, diretora da Opas, na última quarta-feira (12).

Carissa considerou inaceitável que aqueles que não possam pagar uma viagem internacional, ou seja, "a grande maioria das pessoas da nossa região", também não possam ser imunizados. 

— A vacina não deveria ser um privilégio dos países ou pessoas ricas, e sim um direito de todos. Em última instância, o turismo da vacina agrava a desigualdade — criticou.

Para combater esse movimento, a Opas trabalha com o mecanismo global Covax, promovido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e com fornecedores, para agilizar as entregas. Também incentiva doações e a capacidade de fabricação regional. 

— Devido à carga epidemiológica em nossa região e à alta mortalidade pela covid em muitos países, a América Latina e o Caribe devem ser prioridade na imunização, para ajudar a salvar vidas e a prevenir futuros surtos — advertiu Carissa.


POR GAUCHA ZH 16/05/2021

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