A SAGA DE EDUARDO LEITE
A crise é do tipo em que todos perdem, inclusive os partidos que sonham conquistar o poder na eleição de 2022
Na entrevista de quase uma hora
que concedeu a Zero Hora no feriado da Proclamação da República, o governador
eleito Eduardo Leite antecipou o que deve ser um dos pontos principais do seu
discurso em 1° de janeiro. O que Leite vai propor é um pacto envolvendo os
partidos, os poderes, os servidores públicos, os empresários, a sociedade,
enfim. Como vai chamá-lo, não importa.
Pacto pode ser uma palavra
desgastada por excesso de uso sem produzir os resultados esperados, mas não há
outra que descreva com precisão um acordo para tirar o Rio Grande do Sul da
crise em que está mergulhado o setor público. Essa crise é do tipo em que todos
perdem, inclusive os partidos que sonham conquistar o poder na eleição de 2022.
Vem daí a necessidade de cada um ceder um pouco para que o governo Leite dê
certo.
A Federasul entendeu a situação e
deu seu aval à manutenção, por dois anos, das alíquotas de ICMS majoradas em
2015, com prazo de validade até 31 de dezembro deste ano. Em troca, pede menos
burocracia, privatizações de estatais ineficientes e concessão de serviços
públicos.
Leite começou bem, procurando
todos os partidos, inclusive os de oposição, para pedir apoio ao que chama de
“consenso estratégico”. Os projetos mais críticos terão de ser aprovados logo
no início de 2019, aproveitando o capital político adquirido nas urnas.
A solução da crise não virá de
Brasília, apesar da promessa do presidente eleito Jair Bolsonaro de restaurar o
espírito da federação. O governo federal está quebrado e qualquer eventual
socorro terá custo alto para os Estados. O futuro ministro Paulo Guedes já
sinalizou para os governadores que terão de fazer sacrifícios.
Mais do que qualquer outra coisa,
o Rio Grande do Sul precisa crescer. Para tanto, tem de se tornar atraente para
novas empresas, investir em inovação, ousar. Se ficar sentado em sua cadeira,
administrando a folha de pagamento e dando explicações para a falta de
investimentos, Leite fará mais do mesmo. Não foi para isso que 3,1 milhões de
eleitores votaram nele.
O compromisso de não concorrer à
reeleição será decisivo para o futuro governador quebrar resistências na
Assembleia. Seu sucessor não haverá de querer assumir um Estado em colapso.
Aliás
Pelo status que quer dar à àrea
de ciência, tecnologia e inovação, Eduardo Leite planeja ter uma secretaria
específica. O nome dos sonhos para comandar a pasta é o do professor Jorge
Audy.
GAUCHA ZH 18/11/18
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