Exportação recorde de soja do Brasil à China pode ser ainda maior, diz secretário
Disputa comercial do país asiático com os Estados Unidos impulsiona a demanda chinesa pelo produto brasileiro.
O recorde de exportações de soja
do Brasil à China pode aumentar ainda mais, disse um agente do Ministério da
Agricultura nesta quarta-feira (14), conforme a disputa comercial do
país asiático com os Estados Unidos impulsiona a demanda chinesa pelo produto
brasileiro.
O secretário de Relações
Internacionais do Agronegócio da pasta, Odilson Ribeiro e Silva, viajou à China
neste mês e disse ter esperança de que a alta demanda abrirá o mercado do país
também para o farelo de soja brasileiro.
As exportações brasileiras da
oleaginosa tiveram um salto depois que a China impôs uma tarifa de 25% sobre a
soja norte-americana em julho, em resposta às taxas de Washington sobre bilhões
de dólares em produtos chineses. O Brasil embarcou quase 80% das exportações de
soja com destino à China neste ano, com a trading de grãos Agribrasil prevendo
um recorde de 83 milhões de toneladas.
"Pode subir mais, mas a
gente gostaria que não fosse só grão, que fosse farelo também", disse
Silva em entrevista.
O Brasil enviou uma lista de
produtores de farelo de soja para a China autorizar a exportação no ano
passado, mas é incerto se eles responderão, ele disse.
A China diminuiu o ritmo de
aprovações para sementes de soja geneticamente modificada, ele disse, e não há
sinais de que voltará a acelerar.
Alguns produtos transgênicos
aprovados há cinco anos no Brasil ainda não foram liberados pela China,
evitando a disseminação do uso e os ganhos de produtividade que eles trariam,
disse Silva.
Novo governo
Durante a expedição comercial à
China e aos Emirados Árabes Unidos, que terminou no dia 8 de novembro, surgiram
questionamentos sobre se o comércio poderia sofrer no governo de Jair
Bolsonaro, disse o secretário.
O presidente eleito criticou os
investimentos chineses no Brasil e aborreceu muitos países muçulmanos com a
sugestão de mudar a embaixada do país em Israel para Jerusalém, enquanto as
suas propostas ambientais também incitam temores de que elas afetariam a
percepção internacional sobre os produtos brasileiros.
O ministro da Agricultura, Blairo
Maggi, procurou reafirmar aos chineses e árabes que os agricultores apoiam
Bolsonaro, que por sua vez tem respeito pelas leis e não fará nada para
prejudicar o comércio brasileiro, disse Silva.
Bolsonaro poderia, na verdade,
beneficiar o comércio, abrindo a economia a importações, um passo necessário
para fazer com que parceiros do Brasil aceitem mais envios do país, ele disse.
O Brasil também está procurando
aumentar os embarques de carne para a China, que atualmente é o principal
destino das exportações de carne bovina e de frango. Uma delegação chinesa
chegará ao Brasil no domingo para inspecionar unidades processadoras de bovinos
e frangos, visando aprovar mais unidades para exportação ao gigante asiático,
acrescentou.
Por Reuters 14/11/2018
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