Começam articulações para eleição ao governo gaúcho em 2022
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Corrida pelo
Palácio Piratini já começou | Foto: Leandro Osório/ Especial Palácio
Piratini |
Lideranças sondam partidários e possíveis aliados, realizam
reuniões informais e fazem ações para fortalecer nomes.
Mesmo que 2022 ainda pareça distante, que o país tenha um 2021 de muitas incertezas pela frente e que os recém-eleitos para prefeituras e Câmaras de Vereadores ainda nem tenham tomado posse, começaram as articulações para as eleições de 2022 entre políticos e partidos em solo gaúcho. No RS, assim como em outros estados, se repete o que ocorre na disputa pela presidência da República, na qual uma sucessão de movimentos, parte deles imperceptível aos eleitores, já está em curso.
Neste 2020, para além do prazo não oficial que simboliza o
início das discussões da eleição seguinte – sempre quando a do ano em curso
termina – o fator pandemia também apressa o processo futuro. Escaldados por
campanhas municipais ‘diferentes’ em função de todas as consequências do
coronavírus, lideranças e dirigentes políticos das grandes legendas asseguram
que é preciso se “antecipar”, para tentar “evitar surpresas”.
No RS, por enquanto, os sinais mais visíveis partem
justamente dos dois partidos que estão entre os maiores tanto em número de
filiados como em prefeituras conquistadas no pleito recente: o PP e o MDB. Em
número de filiados, o MDB lidera e o PP ocupa a terceira posição. Em número de
prefeitos eleitos, o PP está à frente, seguido pelo MDB. Ambas as siglas já
ensaiam movimentos que, ao mesmo tempo, demonstram sua força e as descolam do
atual governo tucano. O MDB, principalmente por meio de seus posicionamentos na
Assembleia Legislativa, onde, apesar de ser o maior partido da base, com oito
cadeiras, vem impondo ou negociações ou votos dissidentes aos projetos do
Executivo. O PP, que detém a liderança do governo no Legislativo, através de
indicativos que já começam a ultrapassar as posições divergentes adotadas por
parte da bancada. Como, por exemplo, o movimento na Casa Civil, que deixará de
ser comandada por Otomar Vivian no início do próximo ano.
Para além das articulações explícitas ou de bastidores, um
cenário está dado neste final de 2020 quando é posto na mesa o conjunto de
nomes que despontam para concorrer ao governo. A corrida será disputada por
políticos tradicionais e/ou experientes. “Tudo que vem acontecendo aí serviu
para mostrar que vale muito aquele nosso ditado: ovelha não é pra mato”, resume
um emedebista já envolvido nas negociações.
AS APOSTAS
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Foto: Pablo Valadares / Câmara dos Deputados / CP |
Alceu Moreira (MDB) – Há quase 40 anos exercendo mandatos eletivos, o atual
presidente do MDB gaúcho e deputado federal pela terceira vez tem se
movimentando com discrição. Mas, desde antes das eleições municipais, vem
fazendo contatos e participando de articulações que visam lançá-lo como o nome
do partido para a disputa ao Piratini em 2022. A ideia é que se apresente como
uma alternativa “de centro-direita”, bem semelhante à estratégia que garantiu a
vitória do partido em Porto Alegre em novembro passado.
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Fotos: Gustavo Mansur / Palácio Piratini / CP e Michel Jesus / Câmara dos Deputados / CP |
Edegar Pretto e Paulo Pimenta (PT) – Os nomes dos dois
parlamentares já estão postos dentro do partido, e o objetivo é de que a
definição ocorra nos próximos meses. Mesmo que, de público, ambos ainda evitem
admitir a possibilidade. Viabilizar a candidatura de um deles representa para a
sigla um movimento concreto no sentido de tentar se renovar, ultrapassando as
conhecidas dificuldades em abrir espaço para novas lideranças. Pimenta está no
quinto mandato como deputado federal. Nas últimas três eleições se manteve como
o candidato mais votado a federal do PT gaúcho. Dos cinco integrantes da
bancada petista gaúcha, é o que tem alcançado maior visibilidade em debates
nacionais e na oposição ao governo Bolsonaro. Edegar está no terceiro mandato
como deputado estadual. Nas três eleições, foi o mais votado do partido para a
Assembleia. Mantém distância de discursos radicais e expandiu sua atuação para
além dos movimentos sociais ligados a disputas pela terra, a temas como o
enfrentamento da violência contra mulheres e a produção de alimentos saudáveis.
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Foto: Gustavo Mansur / Palácio Piratini / CP |
Eduardo Leite (PSDB) – O governador não quer disputar a reeleição. Seu
objetivo pode ser uma candidatura à presidência da República ou a vice em 2022.
Suas pretensões nacionais são turbinadas por dois padrinhos de peso: o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Mas, hoje, o partido não descarta que fique no RS caso não “surja” outro nome.
E caso o governador não emplaque uma de suas recorrentes tentativas de mostrar
um projeto que lhe confira peso nacional, a ponto de poder competir com o colega
paulista, João Dória.
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Foto: Dyessica Abadi / Palácio Piratini / CP |
José Paulo Cairoli – O empresário, agropecuarista e ex-vice-governador também tem se movimentado para voltar a vida pública por meio da disputa ao governo do Estado nas eleições de 2022. Além de conversas e reuniões, ele voltou a emitir avaliações e posicionamentos nas redes, principalmente via twitter, onde endereça críticas principalmente ao governador Eduardo Leite, ao PT e à esquerda em geral. Para levar adiante suas pretensões para 2022, precisará de uma nova legenda. Ele havia se filiado ao PSD em 2013, mas deixou a sigla no ano passado
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Foto: Marcos Corrêa / PR / CP |
Luis Carlos Heinze (PP) – O senador trabalha abertamente pela
candidatura ao governo do RS desde 2018. Naquele ano, após cinco mandatos
consecutivos como deputado federal, e eleições nas quais sucessivamente perdia
votos, Heinze tentou a indicação do PP para o Piratini, mas acabou sendo
protelado em nome de uma tensa negociação que resultou em aliança com o PSDB.
Como alternativa, migrou para a disputa ao Senado. A exemplo do que ocorreu com
outros corredores, sua vinculação direta com o então candidato à presidência
Jair Bolsonaro resultou em uma vitória considerável: fez 2.316.365 votos.
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Foto: Isac Nóbrega / PR / CP |
Onyx Lorenzoni (DEM) – O ministro da Cidadania também já começou
articulações para disputar o governo gaúcho. Seu sonho é uma aliança com o MDB
(pauta nas discussões que garantiram a coligação do DEM com Sebastião Melo na
eleição da Capital), mas emedebistas veem a possibilidade como remota. Como
Heinze, Onyx se beneficiou da ligação com Bolsonaro e obteve sua maior votação
em 2018 (183.518 votos ao quinto mandato de deputado federal). Mas, escolhido
ministro, passa por processo de afastamento desde 2019, e deve voltar à Câmara
na reforma ministerial do início de 2021.
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Foto: Lucas Uebel / Grêmio / Divulgação / CP |
Romildo Bolzan Júnior (PDT) – Afastado da vida
político-partidária desde 2014, quando precisou renunciar ao comando do PDT
gaúcho para disputar e vencer a eleição para a presidência do Grêmio, Bolzan
permanece à frente do clube. E é justamente a exposição conquistada por seu
desempenho na presidência do Grêmio que o PDT considera como uma grande
oportunidade. Apesar das negativas públicas de Bolzan, o partido trabalha por
sua candidatura ao governo do Estado há dois anos, em tratativas que envolvem
articulações e lideranças nacionais não apenas do PDT, mas também do PSB.
CORREIO DO
POVO 28/12/2020
Por Flavia
Bemfica
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