Veja o que ditará os rumos da soja na próxima semana
Surpreendido pelos números da Crop Tour no cinturão agrícola
dos EUA, players ainda devem se preocupar com a redução na mistura do biodiesel
norte-americano e impactos da variante delta no mercado financeiro
Os números da Pro Farmer, responsável pelo evento que
percorre o cinturão agrícola dos EUA, a possível redução na mistura do biodiesel
no país e os impactos
da variante delta (Covid-19) no mercado financeiro são os principais
fatores a influenciar as negociações da soja na próxima semana. Os players desse
mercado estão atentos aos números da safra norte-americana, e ficaram surpresos
com os relatórios da caravana que visita as principais lavouras dos Estados
Unidos.
O tradicional Crop Tour, da Pro Farmer, realizado entre 17 e
20 de agosto, trouxe números surpreendentes sobre a safra americana. Com
produtividades médias acima do esperado em alguns estados-chave, a nova safra
norte-americana foi projetada em 120,56 milhões de toneladas, bem acima da
estimada pelo USDA em seu relatório de agosto (118,09 milhões de toneladas).
Tal fato trouxe uma nova pressão negativa para o mercado em
Chicago, que não esperava por uma diferença tão grande entre os números do USDA
e da Pro Farmer. Resta saber, após a finalização da colheita, qual é o verdadeiro
tamanho da safra dos EUA. O que o tour indica, também, é que
os estados que não tiveram problemas climáticos nesta temporada devem registrar
produtividades acima da média, o que pode acabar compensando boa parte das
perdas produtivas dos estados do norte do cinturão.
Embora estejamos na reta final do desenvolvimento da nova
safra, o clima ainda é fator importante para as lavouras de alguns estados do
cinturão produtor norte-americano. Os mapas para os próximos 7 dias apontam
para uma maior umidade em todo o cinturão, principalmente na metade norte,
região que mais necessita de umidade. É possível que o retorno das chuvas
impeça que as perdas registradas nas Dakotas, Minnesota e Iowa aumentem, além
de melhorar o rendimento das lavouras em bom estado, o que também é um fator
negativo para
Chicago.
O analista Luiz Roque, da Safras & Mercado, acrescenta
duas observações ao cenário atual, que deve ditar os rumos das negociações na
próxima semana:
- Chicago
também sentiu a pressão de um rumor que aponta que a Agência de Proteção
Ambiental dos EUA (EPA, na sigla em inglês), deve recomendar ao governo
norte-americano a redução da mistura obrigatória de biodiesel em
combustíveis fósseis diante dos problemas econômicos derivados da
pandemia. Em se confirmando, tal ação pode trazer uma redução importante
na demanda por esmagamento de soja nos EUA nos próximos meses. Atenção
para os desdobramentos relacionados a este rumor.
- Fechando
o quadro negativo, o mercado financeiro teve uma semana nervosa diante do
avanço da variante delta ao redor do mundo e dúvidas relacionadas à
retomada econômica mundial. Fundos aproveitaram para realizar lucros em
várias commodities, incluindo a soja, o que ajudou a pressionar as cotações.
Por Agência Safras
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